Outros setores com exposição não desprezível, mencionados pelo BTG, incluem etanol (16,0%), café (16,7%) e produtos químicos (16%). "Entre os setores listados, aqueles com maior fatia de concorrentes em países agora penalizados por alíquotas mais altas tendem a se beneficiar deste cenário", ressalta o BTG.
"Setores de commodities, em particular agrícolas e metálicas, também podem aproveitar oportunidades para absorverem mercados que os EUA eventualmente percam por sofrerem retaliações de parceiros comerciais", ressaltam os analistas. Hoje a China já anunciou que vai retaliar Trump, impondo tarifas de 34% aos produtos importados dos EUA.
Riscos
A nova política comercial de Trump, porém, envolvem riscos importantes, para o Brasil, os EUA e a economia mundial, alerta o BTG. "As novas medidas podem deflagrar retaliações e contribuir para uma guerra comercial mais ampla, afetando a atividade global."
Nesse contexto, o Brasil poderia ser afetado, embora, em termos relativos, "as perdas tendam a ser menos severas do que as enfrentadas por países submetidos a alíquotas mais elevadas", segundo o relatório. O impacto líquido, ressalta o BTG, dependerá da intensidade da desaceleração global que possa ocorrer nesse novo ambiente de tarifas mais altas. Ontem, a Organização Mundial do Comércio (OMC) passou a prever contração do comércio mundial este ano após as tarifas mais altas.
Um risco adicional para o Brasil, ressaltam os analistas do BTG, vem da exposição do comércio exterior brasileira à China, que é o principal destino das exportações do País há alguns anos. E a razão é que uma intensificação das tensões comerciais entre EUA e China poderia resultar em uma desaceleração mais acentuada da economia chinesa. Assim Pequim pode reduzir a demanda por produtos brasileiros e os preços internacionais de commodities cairiam. Isso, observa o relatório, "reduziria a vantagem relativa que o Brasil poderia obter nesse novo contexto".
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